Linhagens e Graus

A antiga Ordem do Templo, da qual a OSMTHU. herdou o legado por transmissão, possuía um contingente humano muito maior do que muitos imaginam, o que rapidamente pode ser percebido pelo estudo minucioso de sua história.

Quando se fala em Ordem do Templo, quase sempre vem à mente a figura de monges-cavaleiros com hábitos e mantos brancos com a cruz vermelha da Ordem, ou monges vestidos de branco a dedicar a vida de forma monástica ao serviço divino. Na realidade, porém, existiam por trás destas clássicas imagens várias outras classes de templários, distribuídas em vários níveis de vivência, devoção e atividade.

Existiam diversos servidores, como os escudeiros, responsáveis por cuidar dos cavalos, pela guarda e manutenção de todo o armamento dos cavaleiros e por servi-los no que precisassem, além dos domésticos, responsáveis por manter as casas e dependências apropriadas para o serviço templário. Os escudeiros geralmente provinham de famílias nobres, sendo apresentados por seus pais para servirem e se formarem cavaleiros. Os domésticos provinham de famílias plebeias e serviam ao Templo segundo os costumes da época. Estes eram considerados confrades ou consórores, o mesmo que coirmãos ou coirmãs, termos hoje utilizados para os membros que ainda estão por receber o primeiro grau iniciático templário.

Também havia os sargentos, dos quais muitos eram guerreiros de menor nobreza, a defender a Terra Santa como os cavaleiros, mas geralmente combatendo a pé. Eles normalmente realizavam os votos monásticos da Ordem e, neste caso, eram também considerados irmãos, tal como os cavaleiros, apesar de possuirem menor hierarquia.

Quanto aos cavaleiros, os irmãos na Ordem, dividiam-se em cavaleiros a termo, de origem secular (não monástica), que serviam por tempo determinado, sendo nobres que se dedicavam à Ordem sem realizar os votos monásticos, e os cavaleiros professos, que eram os nobres que realizavam os votos e se dedicavam de forma permanente.

Não se pode deixar de citar também aqueles membros da Ordem que não se dedicavam à guerra. Eram clérigos, diáconos e capelães, que se dedicavam exclusivamente ao ofício religioso, também reconhecidos como irmãos, já que o Templo medieval foi autorizado pela bula Omni Datum Optimum, de 1139, promulgada pelo papa Inocêncio II, a ter seus próprios religiosos.

Esta hierarquia é simbolicamente representada pela figura ao lado, com o cavaleiro ou monge-guerreiro ao centro, o religioso à direita e o monge conventual à esquerda.

Os demais membros da Ordem, que não realizavam os votos monásticos, se ligavam a ela por outros motivos (vontade própria, débito, etc.) e tinham a liberdade de poder se afastar depois de cumpridos seus deveres e compromissos. Muitos também se dedicavam à Ordem por afinidade, recebendo desta a sua proteção. Eram pessoas que realizavam doações em valores, gêneros alimentícios, propriedades e outros bens, ou serviam simplesmente com seu trabalho.

A Ordem do Templo, devido à sua importância e pensamento de vanguarda, sempre chamou para si a atenção de muitas pessoas e isto trouxe para junto dela aquelas que sentiam em seu íntimo o chamado para devotar-se a uma causa maior, de cariz espiritual, e assim, a Ordem abria espaço para todos, dando a cada um a oportunidade para se dedicar, dentro de suas condições e potencialidades, à causa templária.

Em sua grande maioria, o corpo de guerra de uma guarnição templária era formado por sargentos e cavaleiros a termo (seculares), além dos soldados contratados, denominados turcópolos, os quais geralmente eram liderados por um turcoplário.

Os cavaleiros professos, vestidos de branco, e que realizavam os votos monásticos, eram em menor número. Desta forma, aquelas figuras que normalmente vêm à mente ao falar-se de templários, constituíam a menor parte de toda a estrutura da Ordem, mas sem dúvida, a parte mais relevante.

Quando se procura relacionar o templarismo aos mistérios tradicionais, pensa-se normalmente que muitos dos monges tinham acesso ao conhecimento iniciático dos quais os templários eram portadores e guardiões. No entanto, isto é um grande engano. Somente uma pequena parcela dos irmãos monásticos, aqueles cuja formação e caráter os faziam ser escolhidos e aceitos, tinha acesso a este maravilhoso Tesouro do Templo.

A OSMTHU. possui uma organização muito próxima à Ordem do Templo antiga, apenas ligeiramente adaptada às necessidades atuais, considerando ainda o fato de que a estrutura atual foi estabelecida com base em um sincretismo entre as duas Tradições que ela herdou: a do Templo e a do Graal.

Assim, a Ordem recebe em seu seio pessoas que querem adquirir conhecimentos importantes nos diversos campos de interesse templário, de caráter místico-espiritualista, filosófico e teológico, bem como, cultural e científico, com maior ou menor dedicação à Divindade, sendo possível até mesmo consagrar a vida aos estudos e à vivência do templarismo, de forma devotada e num íntimo relacionamento com a espiritualidade templária.

Recebe também aquelas pessoas que desejam devotar-se mais ao serviço voluntário-beneficente, convivendo em harmonia com as templárias e os templários, assim como na antiga Ordem, onde pessoas se devotavam ao serviço dentro da Ordem, sem se ligar definitivamente a ela e, em troca, recebiam a sua proteção.

A Estrutura de Graus
O sistema de graus e patentes mantido pela Ordem remonta à antiga Ordem do Templo, fazendo com que todos os templários possam realmente reviver a antiga Tradição Templária e, através dela, realizar os estudos necessários ao seu desenvolvimento espiritual.

Os graus e as patentes são conquistados através de estudo, serviço e principalmente através do desenvolvimento de trabalhos que engrandeçam a Ordem, contribuam para a sociedade local e honrem à Divindade, alinhado com a divisa templária: ‘Não por nós Senhor, não por nós, mas para a glória de Teu nome!’.

Conforme a Tradição da Ordem do Templo medieval, que é mantida até os dias de hoje pela OSMTHU., existem quatro linhagens que são explicadas de maneira geral e resumida a seguir.

Linhagem de Escuderia
Propicia aos menores de idade não emancipados o acesso aos princípios templários de forma compatível à infância e à juventude. Esta linhagem no momento encontra-se adormecida, sem prazo ainda para sua retomada da atividade.

Linhagem Laica
É o portal de entrada da Ordem para os adultos ou jovens emancipados, na qual os que de alguma forma desejam vivenciar a experiência templária inicialmente devem fazer parte.

Na antiguidade, esta linhagem, era composta por aqueles que serviam ao Templo de maneira mais externa como em serviços domésticos e rurais, dentre outros.

Nos dias de hoje, é através desta linhagem que é possível ter os primeiros contatos com a Ordem de maneira mais externa, onde podem ser adquiridos os conhecimentos fundamentais da formação templária, o que já contém ensinamentos bastante amplos, que dão a oportunidade de um período de adaptação, que pode ser transposto por vontade e persistência. Seu ápice pode de ser obtido após um período de noviciado, trilhado no Sodalício, que é seguido pela possibilidade de iniciação a uma das linhagens que vêm a seguir.

Linhagem Conventual
Este é o caminho que oferece a iniciação monacal ao grau de Sargento (servidor), que mais tarde pode vir a atingir, por mérito, a armação como Cavaleiro ou Dama. Na Idade Média, era composta por membros que realizavam serviço militar ou conventual da Ordem do Templo incluindo a administração de celeiros, casas, castelos e fortalezas.

Nos dias atuais, a admissão na Linhagem Conventual é efetuada pela iniciação Tradicional que só pode ser conferida àqueles que desejam realmente seguir plenamente o caminho templário. É desta linhagem que hoje se compõem o corpo de suboficiais e oficiais que conduzem as atividades locais e regionais.

Após profundos estudos, relevantes serviços e comprovado mérito, pode-se eventualmente ser admitido na linhagem de milícia e, mais tarde, receber a Armação como Cavaleiro ou Dama na forma Tradicional e Arcana da qual a Ordem é depositária.

Linhagem Eclesiástica
É o caminho que oferece a iniciação ao estado clerical e eclesiástico, portanto, dos subdiáconos(isas), diáconos(isas), Capelão e Capelã. Na Idade Média, era composta pelos templários que dedicavam suas vidas à religiosidade no sentido amplo, tendo uma vida de meditação, liturgia e profundos estudos. Estes, assim como toda a Ordem, eram ligados à Sé da Igreja Cristã Romana. Atualmente, os membros eclesiásticos da Ordem não possuem quaisquer vínculos com a Sé Romana, tendo em vista a desvinculação da Ordem ocorrida após a perseguição pela Inquisição na Idade Média. Atualmente os membros eclesiásticos são os sustentáculos da espiritualidade da Ordem através da devoção de suas vidas à religiosidade templária. Provêem o suporte espiritual da Ordem e buscam a mensagem e o caminho comum a todas as linhagens religiosas tradicionais, numa visão universalista.

Esta é uma Linhagem mais restrita, sendo exigidos um perfil pessoal e vocacional apropriado e compromissos de estudo e dedicação mais rigorosos. É uma escolha onde a templária ou o templário realiza uma entrega maior ao serviço da Ordem e da própria Divindade, sob o aspecto espiritual, exigindo grande desprendimento e persistência.